quinta-feira, 2 de abril de 2009

Tua tatuagem sou eu

Tô numa fria. Dançando num campo minado, cega com a luz do sol das dez. Torcendo pra não pisar em falso e, dispersa num mundo irreal. Se pisar, também... - penso eu - Diferença faz?
Olhos voltados pra qualquer lugar, cega, com o sol prestes a explodir, apenas sinto. Campos mofados, morangos velhos, gosto amargo, remorso e todas essas bombas

Explodir, vou dizendo...
E vale a pena? Eu quis crer que sim, fui fiel demais a princípios infundados, agora me parecem menos certos do que antes, mas eu não vou parar. Calafrios andam junto a mim, o medo me consome, mais forte do que antes. E eu não sei parar. Não aprendi a olhar pra trás e talvez nem queira. Agora tudo parece tão pequeno, assustadoramente menor do que antes. Tudo é tão passível de conformação. Sou toda conformista, por fora, e por dentro, mais do que antes.
Antes - ontem, um segundo atrás, 10 anos atrás. Agora sim. Estou perdendo o controle e me perdi nessa dança e vou ficando pra trás. Ou aqui mesmo, mas mais comigo e menos com os outros. As bombas, parece que começou e eu não sei se me importo com as consequências. Elas vem, ficam e passam (talvez não passem). As pessoas me vêem mas não como eu sou. As pessoas não me importam mais. Agora bem mais do que antes, deixaram de ser. Assusta. Queria não ser assim, mas simples e calma apenas sou. Apenas aceito. Apenas acredito.

Cética. Individualista. Esquerdista. Às vezes ecologista, outras, capitalista. Quem sabe aonde isso acaba? Vazia. Nada por dentro, nada material, apenas espírito transbordando e eu não sei de onde vem toda essa força. Não nasci assim, me tornei assim. Não sei se sou fruto do meio em que vivo. Ou se o meio em que vivo é fruto do meu ser. Talvez seja. Aceito.

Acredito.
Pode alguém viver só e ser feliz? "Saibamos pois, estamos sós..." só isso em si já é uma afirmação de que, apensar de sós, estamos juntos. Na mesma barca que pode ou não nos levar a algum lugar.

Pode nos levar
Pode me levar

A mim
e só