sábado, 28 de março de 2009

as Flores de plástico não morrem

olhei até ficar cansado
de ver os meus olhos no espelho
chorei por ter despedaçado
as flores que estão no canteiro


sábado, 14 de março de 2009

Ato de tornar-se.

Um sol que nasce unicamente em cada janela
Uma vida solitária acaba em uma janela
Um dia florido seguido de uma semana vazia
Uma briga de rua
Um casal que se desfaz no outono
Um cara que sente falta de seu amor no inverno
Uma pequena atitude que partiu uma vida
Um grande engano que partiu corações
Um sino tocado no fim de tarde
Um relógio quebrado na gaveta empoeirada
Uma vida empoeirada
Um sol quebrado no outono
Uma taça de vinho quebrada e uma noite sem fim
Um homem solitário seguindo seu grande amor
Um inverno que parte corações
Um sino jogado de uma janela
Uma rua que guarda fins de tarde unicamente vazios
Um quê de solidão em cada palavra de um velho diário
Um universo todo de solidão em cada palavra
que marca meu coração empoeirado
nessas tardes vazias frias
desde que meu pequeno amor de grandes olhos ensolarados
quebrou minha rotina escancarou minhas janelas
renasceu em mim como um dia florido de amor infinito
que finito ficou no instante em que se quebrou
a taça e o vinho que continham em segredo o nosso amor

sábado, 7 de março de 2009

Desesperança

Sem saudade. Não ter contentamento.
Ser simples como o grão de poesia.
E íntimo como a melancolia.

Apavorado acordo, em treva. O luar
É como o espectro do meu sonho em mim
E sem destino, e louco, sou o mar
Patético, sonâmbulo e sem fim.

Sou o mar! sou o mar! meu corpo informe
Sem dimensão e sem razão me leva
Para o silêncio onde o Silêncio dorme

Enorme. E como o mar dentro da treva
Num constante arremesso largo e aflito
Eu me espedaço em vão contra o infinito.


Fragmentos de Quatro Sonetos de Meditação, Vinícius de Moraes