sábado, 7 de março de 2009

Desesperança

Sem saudade. Não ter contentamento.
Ser simples como o grão de poesia.
E íntimo como a melancolia.

Apavorado acordo, em treva. O luar
É como o espectro do meu sonho em mim
E sem destino, e louco, sou o mar
Patético, sonâmbulo e sem fim.

Sou o mar! sou o mar! meu corpo informe
Sem dimensão e sem razão me leva
Para o silêncio onde o Silêncio dorme

Enorme. E como o mar dentro da treva
Num constante arremesso largo e aflito
Eu me espedaço em vão contra o infinito.


Fragmentos de Quatro Sonetos de Meditação, Vinícius de Moraes

Um comentário:

A. disse...

Eu vi nas Americanas o box que tu falou... Bem legal mesmo! :)