quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2000inove


FELIZ ANO NOVO!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Essa e outras Estórias

Acordara mais cedo do que de costume naquele dia, talvez devido à agitação diferente que rondava a casa naquela manhã. Suas tias e alguns primos haviam chegado pouco antes das 08 horas, pois ela se lembrava de ter olhado para o relógio e sentar na cama irritada com todas aquelas vozes e risadas; tão cedo, ela pensou. E ali ficou, sentada por muito tempo (pelo menos em sua concepção) e só então se lembrou de que aquele era o último dia do ano. Dia 31; é claro, só podia ser, com tanta gente na casa, crianças gritando e os carros saindo para fazer as últimas compras para a ceia. Era a mesma agitação de sempre, como é no Natal, e desde que ela nasceu e desde que ela se lembra de sua infância, é assim. Não que ela achasse isso ruim, mas às vezes ela apenas sentia que aquilo era uma bobagem - agradável, mas ainda assim uma bobagem - ela cresceu envolvida com a euforia dos feriados e datas comemorativas, e grande vocação dos pais para receber amigos e fazer festas em casa. Mas, de repente, ali sentada em sua cama, ainda um pouco sonolenta, sentira-se tomada de uma tristeza ou outro sentimento estranho que ela de imediato não conseguira identificar. Era um medo estranho e nostálgico que lhe fez pensar sobre uma série de coisas inúteis como "preciso mudar meu corte de cabelo". Ela sentia-se como quando se prende a respiração antes de um mergulho, cheia, mas sem poder dizer nada, sem poder esvaziar, com um contâiner cheio de àgua atravessando um Oceano. Sentiu um peso sobre seus ombros e naquele momento a única sensatez que pôde ter foi a de deitar-se e tentar dormir novamente. Ano Novo, Reveillon, ela pensou. Ela gostava das festas, da família, das reuniões, das crianças. Não era esse o problema, era algo além de seu poder inventivo de detectar e resolvê-los - eles, os problemas. Ela agora passara a se sentir vazia, com um contâiner quando descarrega. Livre de toda a pressão, livre (até de mais, ela pensou). Uma das substâncias mais estranhas que ela já sentira correndo e corroendo a elas, suas entranhas. Ela sentia aquilo tudo não na alma; como cantavam os poetas, mas nas profundezas, como cantava Beethoven. Não, Beethoven não era o nome de seu passarinho, era o próprio, pelo qual ela sentia grande paixão e compulsão e êxtase. Mas naquele momento, após passar pelo tudo (quase entrando em erupção) e pelo nada (seca como uma folha no outono) ela sentia agora uma raiva imensa, sem ternuras ou doçuras. "Porque é que eu estou tendo esses ataques de lirismos, doçuras, ternuras, assim de repente? É só mais um dia 31" ela pensou. Talvez ela até já tivesse se esquecido de como é ser sempre lírica, fazendo poesia de tudo o que via. E levantou-se, mas só para colocar algo em sua velha vitrola vermelha a fim de quem sabe, acalmar-se, e cambaleou de volta até a cama, servindo-se de um copo de àgua, para aliviar seus pensamentos. Caía uma chuva fina lá fora, com um forte sol que entrava pela cortina entreaberta, com um convite ao dia lindo que crescia. Mais um ano, murmurou tão baixo que nem as paredes puderam ouvi-la. Londres, ela pensou, em seus próximos anos, nos que estavam ficando pra trás, não abandonados para trás, mas sim acumulando-se em suas gavetas, caixas, rugas. "E agora?" Dessa vez as paredes a ouviram, mas não pareceram responder, talvez nem elas que desde sempre presenciaram aos existencialismos e lirismos da menina soubessem (do agora, do próximo passo). Sempre tenha planos e metas, e siga-os arduamente, era o que dizia sua mãe. Mas agora esses planos pareciam tão vagos e tão distantes e tão sem gosto, que ela pensou não ter mais planos. Talvez nunca os tenha cultivado. Talvez não seja preciso cultivá-los mas sim cativá-los para que eles se mostrem, para que saiam de dentro de si como sai um palhaço de dentro de uma dessas caixinhas. Ela não sabia, não fazia a menor idéia. Medo, foi o que sentiu e uma vontade imensa de voltar a ser criança para não ter que, por fim se preocupar. O Ensino Médio agora estava concluído e os vestibulares passados, mas ela não. Não por falta de capacidade, mas pela indecisão; e acreditem, se cada ser humano carrega consigo um carma, esse era o dela. Teria novamente que encarar a tudo aquilo que ela acreditava ter deixado pra trás. E novamente pensar no que fazer, em qual curso escolher, condenando-se a essa classe que ela tanto repudiava, a essas pessoas que estavam presas numa etapa da vida que devia ser só mais uma, e não decisiva, como eles faziam ser. Ela não queria se tornar uma deles, enclausurada ao que ela constantemente tentava definir, sempre em vão. Momentos difíceis a aguardavam, ela sentiu. E era bem mais do que ter que picar cebolas para sua mãe durante a manhã para preparar o que seria servido na ceia ou então ajudar seu pai com a seleção dos discos que iriam tocar durante a festa, ou então ter que cuidar de seus primos durante a tarde enquanto suas tias iam ao shopping. Ela se sentira desamparada e desiludida como a muito tempo não se sentia, aliás, acredito eu que ela nunca tenha se sentido (e realmente estado) tão solitária como nesses novos tempos que começavam a chegar. Em partes, o presente de sua irmã fazia parte dessa corrente de sentimentos que subitamente a invadira naquela manhã. Um presente muito especial, de fato. "Aos meus amigos, não acredito! Eu queria esse livro a tanto tempo, muito obrigada, Te Amo". Depois de uma semana de leitura, já que havia sido um presente de natal, ela já era parte do livro, assim como depois de assistir ao primeiro capítulo da minissérie ela já se encontrava tomada dos mesmos sentimentos que contagiavam Léo e sua "família". E olha, devo lhe dizer, que eram muitos sentimentos, muitos temperamentos e opiniões e discussões e discursos que se tornavam ainda mais reais no livro, afinal é o que alguns livros fazem - os melhores, na opinião dela - nos deixam em Carne Viva. De repente ao som de alguma música calma e anestesiante de Elis ela sentiu-se incrivelmente renovada a ponto de levantar-se e quase esquecer-se dos devaneios que acabara de ter. Essa era uma notável qualidade que ela soubera sempre aproveitar, a de se renovar. Não era dessas de chorar horas por fatos irremediáveis, seguia em frente e só. É véspera de Ano Novo - pensou aliviada. Ao abrir a porta do quarto e descer as escadas sentira-se imediatamente contagiada pela energia de todos e por fim, quando era noite já nem se lembrava mais de sua manhã "turbulenta e calma" e enfim, que venha 2009 ela pensou, não há nada que não se possa resolver.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Hoje é dia de Clichê

Uma palavra a meu ver, um tanto pejorativa, mas vamos lá. Como estamos no fim do ano - que passou muito rápido, diga-se de passagem - aqui vai uma tentativa de resgatar este blog que anda um tanto abandonado não por preguiça, mas falta de hum, inspiração. Antes de qualquer outra coisa, vamos deixar bem claro que minha experiência com blogs e afins é meramente superficial e em estágio de experimentação. Notado isso, deixo claro também que nesta minha pequena vivência cultural nem tudo eu conheci ouvi e senti neste ano que passou, o que provavelmente implicará em algo bem singelo.
Me vejo já quase desistindo disso, mas sigamos em frente, não pode sair algo assim, tão hm, (clichê) ou sem noção.

Inicialmente eu faria disso uma lista de bandas ou grupos musicais que me impressionaram ou que eu conheci este ano, mas aqui vai um resumo que não é nem um pouco surpreendente, e que coloca no topo de minha lista, (difícil escolha, então serão três nomes) Zeca Baleiro, Tom Zé, Beirut e Vinicius de Moraes. É, eu sei, foram quatro. Mas digamos que Vinicius seja uma descoberta não só musicalmente falando, mas também poeticamente. O que me faz pensar em Caio Fernando Abreu e seus Morangos. E essa foi a "lista" dos livros, com apenas um nome, que resume hm, muitas, muitas mudanças deste ano. E por fim, filmes (difícil essa) até porque eu tenho uma memória fraquíssima. Então vai um que eu assisti recentemente e confesso, chorei descompassadamente em vários momentos por motivos hum, ocultos por aqui. 174 A Última Parada, Bruno Barreto e não preciso dizer mais nada, quem viu o filme sabe do brilhantismo de que estou falando. Por fim, vem agora o que eu não sei o que é, já estava escrito, este parágrafo foi incorporado de última hora, digamos que hm, por eu achar que estava faltando algo.

A primeira substância (para não dizer coisa) que me veio a cabeça, foi lá de fevereiro com a estréia da minissérie "Meus Queridos Amigos" de Maria Adelaide Amaral que se passa em 1989 quando, depois de 20 anos o país assistirá novamente a eleições abertas. Mas, pra mim, muito mais do que histórica - aliás, não é esse o grande enfoque da minissérie - trata-se de uma adaptação que não segue a risca o livro que a originiou mas que na sua essência tem exatamente tudo em comum. Comum aliás é uma palavra que não pode ser usada para se retratar tal trabalho da escritora, que inclusive se inspirou em um amigo que se suicidou no início da década de 90 para criar o protagonista do livro e da série, Léo. As emoções regem essa história de um grupo de amigos um tanto perdidos e desiludidos depois da passagem dos anos de maior repressão e violência, que inclusive afetou diretamente alguns deles. Após um reencontro promovido por Léo que sente que sua vida está chegando ao fim, os amores ressurgem (e os desentendimentos também) e eles começam a lidar com as complicações e frustrações em seus respectivos trabalhos tentando entender como foi que chegaram aquele ponto (sem vida, sem alma; ao meu ver). Ou mesmo falta de um emprego (e de uma vida) no caso de Pedro, o escritor de best-sellers que se vê esquecido pela crítica e pelos leitores após anos de glória e sucesso. O desejo de reunir a "família que nós éramos, como naquele Ano Novo" de Léo vai contagiando aos outros, trazendo a tona as lembranças de como eles - em suas próprias palavras - eram muitas vezes patéticos em acreditar que "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". É muito bonito, mas não é real, diria Ivan. E por ai vai, unidos por um Ano Novo que eles jamais esquecerão, momentos vividos juntos, e principalmente, unidos para sempre pela morte de Léo a minissérie tem estado em minha cabeça ultimamente, talvez porque eu esteja lendo o livro "Aos meus amigos" o que enfim, me faz pensar agora qual é o motivo dessa postagem? Hum, não faço idéia!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

London, London

I'm lonely in London, London is lovely so
Green grass, blue eyes, grey sky
I came around to say yes, and I say
And it's so good to live in peace
London is where I want to be

Au Revoir Simone

I will not play a sad song

'cause I know that's not what you wan't from me

I'll never make you cry, just want to see you smile

I want you to remember the seasons that we saw, together

Lost in the snow, or flowers

You know that I'll go soon

And sorry, but I can't take you with me

There's nothing to find out, since we lost our love, in snow and flowers

On the rain, I'll take you home

In my bed, we will pass the night, our last night

I'm leaving, and I'll leave you behind

Sorry dear, but I think that now I'll make you cry

And that's not what I want, but London wait for me, spring and flowers

And maybe our love I can find


Au Revoir Simone - Sad Song (adaptado :)

There's a story there to tell


It's a secret part of me, secret identity

And I'm standing in your yard (I could be there forever)


If there's no love I just can't believe it
I've got a broken mind and only you can relieve it
I don't remember who you are
Are you someone that I saw?
'Cause I really am confused
But I think that I still love you

sábado, 13 de dezembro de 2008

Can you feel me?

Lá fora a chuva cai escura e devagar
Enquanto eu reflito sobre esse perigoso, porém irresistível passatempo
Se somente o tempo passar devagar, talvez eu possa ir
É dezembro e faz tanto frio, tanto frio
Eles estão passando
E apenas cartões de natal não podem me confortar
Você me disse silenciosamente na escada
"Eu gostaria de saber como teria sido"
Viver é fácil de olhos fechados
Me beije agora, pois eu sinto que estou indo (to Strawberry Fields) e é pra sempre

Ei, você
Aí fora no frio, sozinho e cada vez mais velho
Can you feel me?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Não há nada a mais

Se você ligar, e eu fingir não estar
Não se espante
Meu amor, veja bem, arranjei alguém chamado saudade
Não se espante se ao me ver eu lhe disser, é de coração, hoje não vou te pedir pra ficar
É ela, quem chega disfarçada de aurora, colorindo minhas manhãs solitárias e não vai nem se eu pedir! (Pra ficar)
Não deixe a decepção te enlouquecer, por favor, não me faça odiar você
Amanhã, se chover, venha me ver, caso a minha solidão transparecer, faça dela um artifício, deixe a aurora te contagiar

E... veja!
Nada é suficiente quando as noites passam a perder de vista, e eu a me perder em teus braços

Suavidade e Leveza sempre andaram juntas, e eu que me perdi (em outros braços) talvez um dia me dê conta que devo andar junto a ti
Vou deixar a tristeza desaparecer, o sopro do nosso amor irá transparecer.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Doce

Todos os encontros, todos os poemas, manda me avisar. Todos os domingos, tardes de chuva fina, manda me avisar, manda me avisar. Hoje cedo encontrei minha sina, andava perdida, sozinha numa esquina. Letra musicada vinha me dizendo; nas entrelinhas (eu escuto o que eles dizem). Vinha lá dizendo "Solidão, corre que eu te encontro, eu já tenho nome". Pode ser que seja essa a minha bobagem, ou não. Meu amor repousa em você, todos os encontros e todos os poemas, são pra encantar, só pra te encantar. É, eu sei, todo ser humano pode ser um anjo. Eu sei, você até podia ser meu anjo. Mas dos nossos (des)encontros casuais, não nasceu tamanho amor capaz de te fazer meu anjo. Eu jurei que era sua, só pra te envolver, pra te fazer me amar. Quisera eu acreditar que essa letra vai acabar nas nuvens, eu no céu, feito anjo e você. Se anjos são seres iluminados, que amam perdidamente e depois de uma semana já nem guardam mais ressentimentos, se são dóceis e cruéis - crueldade suave e ponderada - amigos e fiéis, gostam da brisa gelada da manhã e do vento frio e acalentador que a noite escura das estrelas traz, se gostam de acreditar e choram por chorar ou por demasiadamente amar e por conseguinte se machucar, se gostam de rimar e andam a assoviar e cantarolar, se tem medo da paixão e sonham sonhos desses que só os mais otimistas guardam em segredo, Se anjos são assim, meu bem, foge que eu te encontro, que eu já tenho asas.
E isso lá é bom? Saibamos pois, o amanhã a quem pertence? Anjos são incertos como as horas do relógio, premeditados como crimes de crianças. Posso ser só uma, e é doce a solidão, menos nos dias de verão. É nos ventos arrebatadores de julho que eu me encontro, e nem a solidão, nem ela me alcança. Hoje vou jantar a céu aberto, a olhar estrelas e a ouvir suas canções delirantes e apaixonantes. Você vem comigo, não sei por quanto tempo, enquanto meu inverno durar, nem nas noites de solidão você longe de mim não vai ficar.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

hey girl, you are beautiful



17 anos, é bom por que não é nem 16 que traz junto aquela idéia de adolescente no auge da "vida social adolescente" e ainda não é 18 que traz consigo um baú de responsabilidades e obrigações. Dezessete é assim, despretenciosamente uma idade bela, um número quebrado mas novinho em folha e cheio de expectativas secretas, desejos inconscientes e sonhos absurdamente incríveis. Experimentando é que eu vou encher esses 17 anos com 12 meses de intensidade, noites amigáveis acompanhada de pessoas amigáveis. Isso até soa um pouco com o ano novo, mas sempre foi assim, eu acho que pela proximidade do 22 de novembro com o 01 de janeiro. São duas datas distintas mas que trazem a mesma mensagem de maneiras diferentes. É o ano novo que começa, a idade nova que chega, as coisas boas que eu pretendo realizar e aquelas que vão se realizar sem eu nem perceber. Eu espero fazer jus a tais expectativas e ter um ano, melhor do que esse, o que talvez não seja uma tarefa fácil. Pintar muros, escrever cartas de amor, cantar músicas desafinadas, dançar na chuva, observar a chuva, sentir o frio, se apaixonar no inverno, se apaixonar pelos sóis de verão, aprender as fórmulas da física, química e matemática, reencontrar amigos, conversar com desconhecidos, escrever um livro, escrever uma música, comer melancia de madrugada, passar horas numa livraria, encantar e agradar, amar literariamente a vida e fazer das minhas horas, das minhas manhãs, um romance com sabor de pizza doce e carregado de palavras bonitas como amor, beijo, doce, primavera, lirismos, aurora, angelical, Angélica.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Minha natureza (ainda está) viva

Agora que eu escrevo já nem sei mais porque, mas é só sobre a tristeza. Talvez seja mais fácil falar dela, as palavras parecem fluir fluir voar. Não devia ser assim, afinal por que falar da tristeza se temos a alegria? Um velho amigo certa vez disse que para ser feliz basta ser triste por um dia e então perceber que tudo é bom, a gente é que complica. Talvez seja natural complicar, talvez seja humano. Não. Certamente alguns devem ter concordado com o que eu disse, mas nem eu concordo. Natural é descomplicar, desenrolar, desbrigar. Natural é ser Humano, logo ser Humano é descomplicar, desenrolar, desbrigar. Agora por favor, não analisemos tão a fundo esse meu silogismo barato, até por que as premissas podem negar uma a outra complicando o que eu disse, e como eu acabo de afirmar que complicar não é natural e eu estou tentando fazer disso algo natural, vamos deixar passar. Mas afinal, o que define uma coisa como sendo ela natural ou não? Somos nós? Assim como a liberdade, alguns a têm, outros não. Mas eu acho que é muito pessoal. Talvez para meu vizinho liberdade seja morar sozinho e pode ser que para sua namorada liberdade seja escolher o que se quer, e o que ela quer é morar com ele, então aí temos um choque de liberdades. Assim como o natural e o não-natural, vai de cada um, mas podemos estabelecer um ponto de partida: a minha naturalidade começa quando acaba a sua. Ou seria liberdade? Estou confusa e quanto mais escrevo, menos me faço entender. Mas talvez seja esse o meu ciclo natural, escrever e não dizer, escrever e entender, escrever e

Mas esse meu ciclo natural começa a me irritar profundamente, e agora a vontade é apagar tudo isso e ir dormir, mas a minha natural persistência me impede. Então no fundo não é isso que eu quero, e querer é liberdade, e querer é natural, então eu continuo daqui, mas se assim desejar dirija-se ao canto direito da tela; isso esse botão vermelho. Sabe qual o nome dele? Liberdade. É a minha liberdade posta à prova agora. Eu vou deixar a minha naturalidade sobressair, assim quem sabe eu consiga me sobressair junto a ela (acho que estou precisando).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Hi, how are you?

Clipes e lápis de cor na minha cama. Todos pensam que estou triste mas agora eu só quero passear por melodias e a chuva, ouvirá minhas palavras? Estaremos sós, eu e você, juntos? Eu posso esquecer de mim mesma. Eu sinto que podemos ir embora agora, se você desejar, eu posso tirar os clipes e lápis de cor da minha cama. Eu deixo você ficar, se você se render.


E, ao sair, não se esqueça de voltar, amanhã sinto que vou sentir sua falta.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

As Coisas (continuam passando)

Talvez certas coisas coisas não tenham um lugar definido mesmo. Assim como algumas pessoas. Como eu. Não ter um lugar exato às vezes pode ser bom; só me resta descobrir como e quando. O que eu quero dizer é: o meu lugar é o lugar que eu quiser que seja e ninguém vai me impedir! Quem me ouve dizendo isso pensa que sou uma dessas pessoas cheias de ideais e atitude. Não exatamente. Na verdade, essa balela de atitudes e não aceitar as coisas como elas são, sempre ficou mais no papel, pelo menos comigo. Não que eu seja acomodada, eu até me lembro de uma vez em que, eu e meu irmão brincávamos na sorveteria quando ele quebrou taças empilhadas num balcão cor-de-rosa e colocou a culpa em mim. Eu protestei. Acho que não me saí muito bem, pois me lembro de ter levado alguns puxões de orelha. E acho que esse é todo o meu envolvimento com protestos. Nunca fui muito ativista, dessas do tipo "free hugs, por um mundo melhor" ou "salve as tartarugas marinhas e o fitoplâncton do lago da casa da minha avó" não que eu não goste - muito pelo contrário - sempre achei super "cool" protestar, mas como eu já disse, comigo as coisas sempre ficam só no papel. Assim como esse texto que também não é nenhum protesto, é mais uma manifestação-pacífica-sem-fins-lucrativos-ou-ideais-pré-elaborados. Assim como toda a minha vida; eu creio. Eu acho que é meio pessoal, quer dizer.. por que é que eu estou dizendo isso mesmo? Talvez a resposta esteja na próxima página que eu pretendo escrever, ou talvez ela esteja no fundo daquele lago, na casa da minha avó - que agora já secou - eu só espero que a minha história não tenha sumido junto. Aliás, prefiro acreditar que certas partes da nossa própria história são como quebra-cabeças e, cedo ou tarde, a gente encaixa.

domingo, 9 de novembro de 2008

Só porque estamos perdidos, não significa que a verdade também esteja

Eu sonho (acordada), sempre com o mesmo lugar. A cor muda e outras pessoas estão lá mas tem sempre algo que me lembra você. Na minha chícara de café ao lado da cama tem o seu gosto. Nos quadros que eu costumava pintar, agora espalhados pelos corredores têm seus elogios incontidos e descabidos. Nas minhas músicas têm o seu palpite e no meu casaco verde tem o bilhete com seu telefone que eu há muito decorei. São sonhos no presente e você no passado. Há uma descontinuidade nisso e eu não entendo por quê. Se eu soubesse aquela parte da história em que você me deixou de fora, eu já teria terminado meu livro, esse que é pra ser um best-seller de capa bonita, inteligente e bem-humorado e até com aquelas folhas amarelas que não dão reflexos. Mas não. Como sempre, na minha história falta um pedaço. Foi assim a minha vida toda, e agora eu sei que você sabe que tem o poder em suas mãos e que eu sou como uma jóia preciosa e você, o ladrão que me esconde e esqueçe onde guardou ou por que guardou. E só eu sei que meu brilho está se apagando e nem você pode mais me tirar de lá. E então me contar a parte da história que eu perdi, talvez não faça mais sentido, talvez eu já tenha perdido. Eu devia era ter perdido o número do seu telefone, que você despretenciosamente me deu aquela noite no bar. Você, sempre a 3ª pessoa do singular que singularmente se faz presente nos meus sonhos, e ausente no meu presente. Eu já nem sei mais se o que eu escrevo tem sentido, se é que algum dia teve algum. Esses suspiros estão me matando e a sua indiferença mais ainda. Acho que até fantasmas e almas perdidas recebem mais atenção e estão menos perdidas que eu. Descontida, Desvairada, Despercebida, Desestruturada, Desde o dia em que você Decidiu não mais fazer parte da minha história e levou consigo todo o Descaso (que eu prefiria chamar de "parte bonita" se é que algum dia teve alguma.) do acaso da nossa história que agora se cerca simples e tão somente na 1ª pessoa do sigular. Eu Dentro da noite, andando em círculos com as juras do seu amor (menos eterno, agora eu percebo) nos meus lençóis. E a essas horas da noite eu já nem sei mais se sou jóia, muito menos preciosa pra você ou pra ninguém. Por mais que eu me esconda por trás dessas teclas que varam madrugada a fora com barulhos Descontínuos, é você quem escancara a história e dá vida e mais barulho às minhas teclas. E por infortúnios do destino cósmico e astral nem a minha história, da minha vida, nem sequer essa eu consegui fazer girar em torno do meu próprio eixo. Tem sempre uma gravidade mais forte do que a minha GRAVeimaturIDADE. Já é tarde (ou cedo) e eu devo admitir que a minha história é você, que deve estar ai sentado no sofá que deu rumo a boas noites daquilo que eu costumava chamar de "uma história de amor eterno" e lendo calma-Despretenciosamente tentando acreditar que esse é só mais um desses best-sellers de folhas amarelas. Mas não. E só porque eu estou perdida, não significa que eu ainda não me encontre; em você.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Tempo

O "tic-tac" vai marcando cada momento de um dia morto e você gasta à toa e joga no lixo as horas, descontroladamente perambulando de um lugar para outro em sua cidade natal esperando por alguém ou alguma coisa que te mostre o caminho. Cansado de tomar banho de sol, de ficar em casa vendo a chuva e eles dizem: você é jovem, a vida é longa, e há tempo para desperdiçar! Até que um dia você descobre que dez anos ficaram para trás, mas eles não te disseram quando começar a correr e você perdeu a largada. Você corre e corre atrás do sol, mas ele está se pondo, fazendo a volta para nascer outra vez atrás de você e você percebe que de uma maneira relativa o sol é o mesmo, mas você está mais velho, com menos fôlego e um dia mais perto da morte. Cada ano vai ficando mais curto, parece não haver tempo para nada, planos que dão em nada, ou uma vida resumida em meia página de linhas rabiscadas.
Esperar em quieto desespero é a maneira inglesa de dizer que o tempo se foi, a música terminou, embora eu ainda tenha algo a dizer.

Pink Floyd - Time (Adaptado)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Para ler ouvindo: Pouca Vogal - Depois da curva

Escrever é afastar medos e anseios. Escrever é convicção, fato, surpresa, desabafo. Te escrevo minha cara, porque sei e porque sinto meu coração se acalentar em tua presença - presença abstrata essa que eu sinto - e me conforta saber que ainda tenho a quem escrever, mesmo depois de anos, idas e vindas, ainda me resta você. Houve um tempo em que andávamos em bando, sempre muitos. Nesse tempo (não tão distante) eu era outro livro. Um livro aberto (hoje sou diário e cadeado) a história deste livro era conhecida por meus amigos pois eu sempre que me via a frente de qualquer problema corria para as páginas de ajuda, como aquelas páginas amarelas da lista telefônica. Contava tudo e os conselhos vinham aos montes. E eu precisava deles (os conselhos) e dos olhares de compreensão (eu acho que eram), precisava compartilhar tudo com eles - meus muitos amigos - que aliás nos últimos dias, posso contar nos dedos e não enchem nem meia página amarela. Mas, voltando um pouco a fita, (agora é que vem o clímax), eu, tomada de sentimentos, conflitos internos, confusões sem pé nem cabeça, descobri ele. O Personagem. Permita-me tecer alguns comentários a respeito de. Ele era o que se pode chamar de... Ele era ... Ele. É. Para ele essas são as palavras. Talvez não haja nada além. (não que Ele não seja nada além, muito pelo contrário). Na verdade, uma ou talvez duas palavras possam defini-lo, aqui vai: personagemáscara. Não inveje minha criatividade por favor.
O fato é que esse tal, esse Ele, sem querer querendo, sem ao menos conhecer-me conhecendo, seduziu meus pensamentos, induziu, metamorfoseou. Tudo assim, como quem não quer nada (ok, essa parte é mentira). O fato é que (2), eu me deixei metamorfosear, mas ao contrário das lagartas eu não me tornei nem bela, nem livre. Olhando o quadro geral, somando tudo e tudo mais, não vejo "fins lucrativos" ou resultados positivos, como queira. Meu coração virou gelo e, agora com o inverno é ainda mais difícil derretê-lo. Mas eu vou. Eu vou. Vou.

domingo, 19 de outubro de 2008

Vento, vela e velocidade

Ontem quando você disse que tem algo diferente, eu não entendi. Repete. Ãhn? olhou com os olhos verdes e as bochechas ruborizadas do frio da madrugada. É. ontem. O que mudou? Nós? Eu? Você tem mania de começar os assuntos e deixar tudo solto, igual papel no vento. Pois bem, disse eu tentando fazer cara de sério. Eu não sou papel, e não quero te perder pro vento. Riu, depois me olhou e falou diminuindo o passo. O vento não tem força pra me tirar de perto de você. Nunca. Nunca? indaguei, e emendei: Nunca diga nunca. Eu digo, porque quando estou com você é eterno. O que eu disse ontem.... foi o medo. Abaixou a cabeça. Medo? Desde quando você tem medo? Na verdade, eu senti pela primeira vez em anos de amizade e cumplicidade que ela precisava de mim, ali exatamente onde estava. Me abraça, como se o Big Bang fosse invadir o Universo, como se fosse o início do fim. Ela abriu os braços, com os olhos fechados e de novo, aquele gostinho de frio e o vento esvoaçando seus cabelos cor-do-sol. Eu na minha eterna condição de amante, a abraçei como se o Big Bang já tivesse passado e apenas nós dois tivéssemos restado. Foi como se todo o calor do Sol estivesse reunido ali, naquele metro quadrado, naquele milésimo de segundo. Eu podia sentir seu coração, como se ele estivesse pulsando dentro de mim. E pulsava, tum tum tum tum

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sol e frio

21:21. Será que ele pensa em mim? Nem assim, como quem não quer nada? É, talvez ele não pense nada. Mas eu penso, e como. Eu sempre penso, em tudo, em todos, daria um livro com tantos pensamentos (sem fundamento, alguns) e.. vai saber. Que será que ele faz agora? Lendo um livro, talvez, ou tomando banho. Amanhã é segunda, dia de ir pra escola, acordar na madrugada e, sabe que eu não concordo quando dizem que ninguém consegue pensar em nada tão cedo, por que eu penso. NELE. Boba, tenho que parar, tenho que dormir - diz a parte racional do meu subconsciente confuso - tenho é que falar com ele, isso sim. Não, não posso. Já fiz isso algumas vezes, agora é a vez dele. Boba de novo. E se o mundo acabar amanhã? Ele precisa saber... Sinceramente, não sei como eu me aguento. Boba, boba, por que não vou logo falar com ele? Não há de ser tão difícil assim, seria apenas uma conversa; casual normal. Eu? Normal? É difícil... Não tenho culpa, e como tanta coisa na minha cabeça.. oras! Falando em horas, preciso dormir, amanhã é dia novo e (tomara que faça sol e frio) tenho prova e não estudei. Será que ele está estudando agora? Deve estar falando com alguma amiga (ele tem muitas amigas) talvez eu seja só mais uma amiga. Mas e se eu não for só uma amiga? Como é que eu vou saber? Mas que raio de garoto complicado eu fui inventar de gostar, conhecer, tornar-me amiga, ou seilá o que. Lá vem meus pensamentos querendo se manifestar... - Complicado? Por favor, ele é normal, e comum. A complicada é você! - Ah não, ele não é nem normal e nem comum.. se não eu não gostaria dele. Ah, eu nem conheço ele assim tão bem. Bem que eu queria. Não, eu não queria nada. Eu queria ir dormir, isso sim - não minta Ana, não minta. Será que ele vai pra aula amanhã? Mas ele senta tão longe... e conversa a aula toda! Tem um sorriso bonito, olhos bonitos - não começe, não exagere, ele é normal, eu insisto - Agora é só o que me faltava.. dar ouvidos a mim mesma; subconsciente; inconsciente; outra metade; meus pensamentos, seilá o que. Agora eles falam... pensamentos... Talvez eu devesse ouvi-los como diz uma música.. não me lembro bem, e agora já não importa também. Vou dormir, sonhar, quem sabe. Se ele pensa em mim ou não, agora não importa. Pelo menos até amanhã... (tomara que faça sol e frio)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Culpa de quem?

É engraçado ver estrangeiros visitando o Brasil e como eles curiosamente são muitas vezes mais interessados em nossos costumes e cultura do que a maioria de nós brasileiros. Certa vez presenciei uma conversa de dois amigos e, enquanto um insistentemente falava mal do Brasil e de suas condutas imorais e corrupção, o outro o bombardeava dizendo que, se não está bom aqui ele que vá morar em Serra Leoa então. Pois bem, que seja. E porque raios ele não disse: "Se não está bom aqui, mude-se para Zurique então." Creio eu que seja mais fácil mostrar como milhões de pessoas estão vivendo, ou melhor tentando sobreviver em condições desumanas no meio de constantes guerras civis e fome, do que falar das políticas de saúde e segurança na Suíça, do melhor chocolate do mundo e da educação dos habitantes daquele país de primeiríssimo mundo. Pois o efeito de culpa - por sequer pensar nos problemas do Brasil enquanto existem países infinitamente piores - causado é imediato (para alguns). Mas agora fico pensando naquele amigo sentado numa mesa de bar já um pouco embriagado, e que culpa, me digam que culpa tem ele de ter nascido no Brasil? Afinal até onde eu sei, ninguém nos pergunta aonde gostaríamos de nascer. Agora vai alguém me dizer que é nossa culpa também ter nascido no Brasil, um país emergente que, apesar da "conhecida e velha amiga" desigualdade social é sem dúvidas (ou quase) um ótimo lugar para morar. Tá certo, nem todos hão de concordar comigo, mas ninguém pode negar que a fama de boa hospitalidade e simpatia dos brasileiros é recíproca. Tá certo também que algumas coisas são relativas, e o Brasil é sim um maravilhoso país se você nasce em uma boa família que lhe dá as devidas condições para se levar um vida digna e, como dizem os mais velhos "ser alguém" e toda essa velha história de oportunidades e sorte que já virou senso comum. E como esse é um assunto muito extenso, eu poderia mudar minha tese e pensar que o sentimento que querem causar é de revolta, para que eu me torne mais uma dessas pessoas engajadas nessas lutas de defesa aos fracos e oprimidos e para que quem sabe, algum dia isso dê algum resultado. Acho que o único resultado nessa história de voluntários da ONU na Africa é meramente uma sensação de dever cumprido, e uma alma calejada diante de tanto sofrimento alheio e insatisfação com a conivência de autoridades que podiam sim fazer alguma diferença, mas não o fazem por acomodação ou questões de interesse particular. Não que eu seja uma expert do assunto, representante de alguma Ong ou coisa parecida. Mas fica a dúvida, de quem é a culpa?