domingo, 31 de maio de 2009

Mesmo que o mundo se acabe em mim

E quando eu estiver morto
Suplico que não me mate
Dentro de ti





Nando Reis Sutil Mente

in verso

Antes fossem noites essas tardes mortas que asfixiam
Antes fosse a vida!
Mas não, essas horas tão longas e que lentas vão longe
Que não findam e sim ficam e assim viram (slow motion)
Se fundem, alimentando ainda mais a fúria

Sem notar entro nessa arritmia

Dessas horas claras, dessas tardes fúnebres
Meu coração pulsa preguiçoso mas tão forte que
Decerto há de ter ali um outro órgão, instrumento que dança
Conforme a música
Há de ser então, um tambor (silencioso)
Ah, só eu sei

Dessas tardes
As de domingo então...
Só Deus sabe

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vero

Deu por sí, conclui, sem ao certo saber porquê
Aquele homem, não, não era mais
Mais que um verme, de tamanha podridão
E, visto que não havia de salvar-se, pôs-se de joelhos; tudo em vão

Larvas lhe cobriam a visão, podre imundiçe interior, restou
Seus gritos não mais eram sentidos, em meio àquela multidão, sussurro
Enfurecia, mas, putrefada, sua carne não mais sentia
Cego, e os berros, e a ausência da dor, sussuros tão altos que agora, a multidão ria

Pois ali, meu Deus, era um homem
Antes, e prevendo o que havia de ser, almaldiçoaram-no
Deixa, esse verme as larvas comem

E ali, meu Deus, exalava à inseto
Pisoteado, vencido por um desejo, este que a todos consome
Deu por sí, num último suspiro antes do mergulho da loucura eterna
E era só seu próprio manifesto