sábado, 16 de abril de 2011

a fidelidade dos passarinhos

Essa é a história de um amor sereno.
Calminho e alegre, nosso amor crescia.
Feito passarinho quando bebe água
aos poucos, mas bem depressa, mas também pacientemente.


Tenho um amor sereno.
É meu amor de passarinho, chamo assim.

Tive um amor sereno.
De repente, começamos a perceber que passarinho chega uma hora e quer voar.
no começo a gente voava baixinho, sempre um ao lado do outro pra proteger.
Passarinho tem cumplicidade.

Nossas aventuras eram conjuntas, bonito de ver.

Mas
passarinho também quer voar alto. E quando o faz,
ninguém segura.

Tive um amor sereno

Tem vezes que ainda lembro
da leveza daquele tempo.

Mas
se o dia é como hoje,
ensolarado, bem azul e algumas nuvens, dessas que se esparramam de levinho pelo céu,
e aquele vento gelado deslizando pelo rosto...

Daí eu fico assim, feito joão-de-barro, na minha casinha escura, úmida e sem muita iluminação, que é pra não lembrar, que é pra não pensar.

Meu passarinho, um dia voou e nunca mais voltou.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Itinerante

sem nome nem documento, de paixão só tinha o vento
de sobra sempre aquele tempo

foi ficando ficando sumindo partindo


sem nome nem documento
mas como eu amava aquele moço tão atento

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

releitura/Mario Quintana

........... ............... ...........
................... Ah, meus velhos camaradas!
Aonde foram vocês? Onde é que estão
Aquelas nossas ideais noitadas?

Fiquei sozinho... Mas não creio, não,
Estejam nossas almas separadas!
Às vezes sinto aqui, nestas calçadas,
O passo amigo de vocês... E então

Não me constranjo de sentir-me alegre,
De amar a vida assim, por mais que ela nos minta...
E no meu romantismo vagabundo

Eu sei que nestes céus de Curitiba
é para nós que inda S. Pedro pinta
Os mais belos crepúsculos do mundo!...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

cause I'm not strong without you

Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.



Caio Caio Caio Caio...

sábado, 25 de setembro de 2010

Ode aos dias avessos [achei que haviam se perdido]

vá e volte
a gente agora não é flecha
elásticos...
l e v e s
iremos e voltaremos
amanheça e partiremos...
partiremos, não corações, mas impossibilidades
todas aos cacos
em caixinhas e então, ao mar jogaremos
como pétalas de outras estações

não, eu não
não deixarei que a ressaca do mundo me
afogue

como às impossibilidades
não, serei eu

essa não é a nossa onda

conosco é a liberdade
l e v í s s i m a


pois que, ir e voltar
é como não calar
é não parar
de amar
tentar

e quando voltarmos
não nos encontrarão
ah, não...

keep walking, Johnnie

sei muito, vou vendo...
só não alegrias doçuras e sutilezas

guardei-as no bolso, pra mais tarde
e as perdi, esqueci
fui vendo...

e agora reencontrá-las é penoso
perdendo...

o tempo perderei se não as encontrar
mas tem o medo também
esse, difícil de perder

vês?

terça-feira, 27 de julho de 2010

encantando

de viver a poesia
vieram me contar
que hoje é dia
nem mais nem menos
nem ontem nem depois
é hoje
foi hoje que me disseram
num sussuro facilitado pelo mundo silenciado
num instante
e de repente tudo ficou assim
tão leve a minha mente
sem mais nem menos
me escolheram
pra viver
ver e crescer
e pra depois, no fim do dia, nem tudo são sussurros delicados
vejam só
me gritaram que
no fim do dia,
também com a poesia, porque ela não é de ficar sozinha
tão nua...
me gritaram
no fim do dia também eu devo morrer
e levar comigo
quietinha e bem guardada
a poesia

pra que amanhã outro possa ver ela de novo renascer
não nesse meu coração aflito de viver

mas em outro que na calmaria de um sussuro
também irá ver
o que hoje me veio acontecer

a poesia não é só
não vai só
vive, nasce, morre
sempre com um ser
num coração
nunca é solidão

ai de mim, tantos anos que vivi sem sabê-la
sem senti-la
como tenho agora em minha alma
esse transcender que me transborda
esse não sei o quê
que me invadiu e que levarei comigo
quietinha
prum outro canto de outro mundo
pra encontrar...

no mistakes

you're already in me
I guess some things are just meant to be