terça-feira, 29 de setembro de 2009

I try so hard to stop wasting my life

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra



Paulo Leminski

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Semitom Semi estou

Acordei Bemol
acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido


Paulo Leminski

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

sem saudade sem remorso só

a neve é branca o suficiente
e a noite escura é suficiente
faz tudo parecer tão inocente
mas, tão triste sem gente

não que neve e noite não sejam auto suficientes
mas é que às vezes faltam os olhos
tão carentes!

liguei a tv e deitei no sofá

quando eu olhei pra cima e não te vi
não sabia o que fazer
fui contar pr'aquele estranho que eu gostava de você
ai ai
será que foi assim?
que foi o tempo que tirou você de mim?

e ele num momento hesitou
mas depois não resistiu
me contou que mil balões voando foi o que ele viu
pensei: não é possível que eu não tenha reparado
eu devo estar girando o mundo para o lado errado

Tiê - Quinto Andar

bonjour madame, o que você vai querer?

pede a conta e conta o tempo
tudo que parte faz parte disso que se parte
quem fica é a dica dessa vida aflita
que eu sem você não tem razão e é sem noção, eu sei
que quando você está tudo está também, você sabe
se não, quem sabe não é
a minha bagagem a cair do avião
ou não.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Odeon

Não há nada mais triste que um choro
Não, Não! Não há nada mais alegre que um choro
Ah, o choro…
Desceu dos Engenhos, banhou a costa e não se calou mais.
Primeira, Segunda, Terceira, e quantas outras gerações desses chorões!

Que melodia; é a menina dos olhos, é a Garota de Ipanema antes de Vinicius
A Mulher É Um Diabo de Saias e o choro é a visão de raio-X
Cuidado, não se assustem, até o diabo tem lá suas sutilezas
Saibam ouvir, mas tenham cautela, sim sim, é certo que sim.

E vejam, sintam:
Ingênuo, Carinhoso, Urubu Malandro, ah mas Naquele Tempo era
André de Sapato Novo e eu Vou Vivendo, Lamento, Apanhei-te Cavaquinho!

Ah que saudade, e isso é coisa de brasileiro
Mas eu não quero essa saudade das rosas
Não quero essa tristeza perfumada
Quero o choro! Por favor, um copo transbordando de chorinhos
Pra que eu possa morrer chorando
E viver amando…

Quando eu me for, diga que deixei um abraço à Pixinguinha e todos os outros
Diga que foi por causa deles e desse choro que ficou por dizer
Que eu fui
Pra não sofrer
Pra não me morrer de amores, só Vinicius morre de amores
E é feliz