segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vero

Deu por sí, conclui, sem ao certo saber porquê
Aquele homem, não, não era mais
Mais que um verme, de tamanha podridão
E, visto que não havia de salvar-se, pôs-se de joelhos; tudo em vão

Larvas lhe cobriam a visão, podre imundiçe interior, restou
Seus gritos não mais eram sentidos, em meio àquela multidão, sussurro
Enfurecia, mas, putrefada, sua carne não mais sentia
Cego, e os berros, e a ausência da dor, sussuros tão altos que agora, a multidão ria

Pois ali, meu Deus, era um homem
Antes, e prevendo o que havia de ser, almaldiçoaram-no
Deixa, esse verme as larvas comem

E ali, meu Deus, exalava à inseto
Pisoteado, vencido por um desejo, este que a todos consome
Deu por sí, num último suspiro antes do mergulho da loucura eterna
E era só seu próprio manifesto