domingo, 19 de outubro de 2008

Vento, vela e velocidade

Ontem quando você disse que tem algo diferente, eu não entendi. Repete. Ãhn? olhou com os olhos verdes e as bochechas ruborizadas do frio da madrugada. É. ontem. O que mudou? Nós? Eu? Você tem mania de começar os assuntos e deixar tudo solto, igual papel no vento. Pois bem, disse eu tentando fazer cara de sério. Eu não sou papel, e não quero te perder pro vento. Riu, depois me olhou e falou diminuindo o passo. O vento não tem força pra me tirar de perto de você. Nunca. Nunca? indaguei, e emendei: Nunca diga nunca. Eu digo, porque quando estou com você é eterno. O que eu disse ontem.... foi o medo. Abaixou a cabeça. Medo? Desde quando você tem medo? Na verdade, eu senti pela primeira vez em anos de amizade e cumplicidade que ela precisava de mim, ali exatamente onde estava. Me abraça, como se o Big Bang fosse invadir o Universo, como se fosse o início do fim. Ela abriu os braços, com os olhos fechados e de novo, aquele gostinho de frio e o vento esvoaçando seus cabelos cor-do-sol. Eu na minha eterna condição de amante, a abraçei como se o Big Bang já tivesse passado e apenas nós dois tivéssemos restado. Foi como se todo o calor do Sol estivesse reunido ali, naquele metro quadrado, naquele milésimo de segundo. Eu podia sentir seu coração, como se ele estivesse pulsando dentro de mim. E pulsava, tum tum tum tum

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