quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Estranha coisa

Inverno, inverno. Acho que jamais desfrutei tanto do inverno. Que quadro maravilhoso! Neve, neve. Brancos montículos quebradiços se mantêm de um lado e de outro da rua. As calçadas serpenteiam como uma passarela amarelo-clara. O céu está cinzento e tristemente tranquilo. As árvores, os prédios e a terra... tudo se encontra sob um manto de neve. Você caminha, fala e, de repente, dá com um grupo de árvores imóveis, com os galhos retesados sob uma colcha de neve.

Vejo a escuridão tingida de azul que flutua ao redor, no ar, vejo aquele véu branco e leve e sinto na alma uma alegria e uma felicidade comovedoras.

Estranha coisa, a vida. Antes, parecia-me ser livre, dar a tudo um sentido, ao passo que agora, mesmo querendo, eu não poderia fazê-lo. Então você entende: isso é amor, e isso é felicidade, e isso é alguma outra coisa ainda, mas a certa altura tudo parece misturar-se num único sentimento que se esconde nas profundezas da alma. E que não quer mostrar-se completamente, limitando-se a assomar quase como uma sombra incerta. Não o sei explicar. Mais de uma vez, tentei sufocá-lo.

Nina Lugovskaia

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